sábado, 3 de janeiro de 2009

Mágico veneno

Fragância bipolar.
Um sim e um nao.Negas, afirmas, queres, usas.
Deixavas-me no chao aguardando um novo dia.
Eu toquei no fogo, as brasas queimaram-me os dedos.
O teu sopro percorreu a minha mente, a minha inocência, os teus lábios ousaram tocar os meus sem promessas.
Os teus braços envolveram-me num manto de dor, de solidão, de medo. Acorrentas-me ao passado, a um passado que nada mais é do que um erro, uma dança de corpos selvagens.
Na minha fraqueza, no dia em que a minha mente voava pela terra do nunca, e em que a minha consciência embriagada se encontrava, a tua boca procurou a minha (mas sem promessas). E eu apenas podia responder com o meu novelo de lã, que palpitava ansioso, ele queria-o, como estava frágil... e ainda assim consiguiu recusar o mel doce que escorria dos teus lábios.



Os teus olhos anseiam carne, a tua sede enlouquece-me.
Mas eu sou livre, livre do teu pecado, das tuas mãos.

**
"O luar ouve minh'alma, ajoelhado,
E vai traçar, fantástico e gelado,
A sombra duma cruz à tua porta..."

**

"E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!"

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