segunda-feira, 10 de novembro de 2008


"Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.

Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.

Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver."

Sophia de Mello Breyner Andresen







As luzes lá fora no mundo escondem-se atrás das cortinas que se fecham. As minhas memórias caiem num estado extasiado. Dúvidas inúteis, sentimentos degrados e remoídos nos gestos que passaram pela minha pele ruborisada. O calor da noite é abrasador, a lua cheia seduz o sol num ritmo doce de loucura.
O tempo passa. O toque passa. Tudo passa sem sentido.