sexta-feira, 31 de outubro de 2008


O dia acaba. O cansaço dos meus ombros, pesados, fracos, desgastados, morrem pendurados pelos ossos cinzentos. Os movimentos do meu corpo chiam, rangem, dão pequenos sinais do final do dia.
Ouço o bater dos ponteiros, o relógio não pára. Respiro profundamente. As pálpebras caiem sem castigo, hoje tudo perdeu o rumo, todas as oportunidades dispersaram-se em mil pedaços pelos “se”s proferidos.
“Não me voltarei a erger. “
Olho pela janela, o mundo está cheio de brilho.
Desvio o olhar. Retiro-me desse lugar em passos lentos, os meus pés arrastam-se sem vontade. A minha figura insignificante tropeça pela solidão das palavras, pelo desgaste de ser o que não é, de tentar vencer o que não quer ganhar. A fraqueza apodera-se dos meus pensamentos, o meu corpo gela. A temperatura desce. O silencio irrompe os meus ouvidos. As palpitações explodem aceleradas, mas rapidamente perdem o ritmo. E lentamente vai batendo, e lentamente vai parando, devagar, agora apenas se ouvem espaçados gemidos de força. Desisto.
Desisto. consciente que naufraguei na solidão sem saber que ela existia.
O fim aproxima-se sem dor. As minhas pernas rendem-se à terra. Já me vejo ao longe. Cada vez mais distante, o branco preenche o horizonte. A visão torna-se turva. O mundo gira. Gira. Gira…. escuridão.




31-10-2008
Enquanto amanhece,
Enquanto escurece,
o brilho do mundo perde-se nos meus sonhos.

Nenhum comentário: